terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

“É necessário que os bispos, os padres e os leigos percebam que têm que ir ao encontro das pessoas”

Texto da entrevista do Sr. D. António Couto ao Jornal do Centro


António Couto, de 59 anos, é natural de Vila do Bispo, concelho de Marco de Canaveses, distrito e diocese do Porto. Tomou posse como Bispo de Lamego no passado domingo. Entrou no Seminário de Tomar em 1963 e recebeu ordenação sacerdotal em 1980. Missionário, com continentes como África e Ásia sempre presentes no seu discurso, tornou-se o terceiro bispo residencial mais jovem nas dioceses portuguesas, deixando no domingo a Arquidiocese de Braga, na qual era auxiliar desde 2007. Sorridente e bem disposto, não hesita em falar sobre todos os temas da atualidade dentro e fora da Igreja Católica.

Considera-se um jovem no seio dos bispos portugueses?
Em Portugal e na maior parte dos países, os bispos são por norma bastante idosos. Eu tenho 59 anos e no meio do grupo talvez me sinta ainda um jovem, não tanto pela idade, mas mais pela disponibilidade, pela disposição, pela maneira de estar na vida. Sempre em comunhão com todos, mas com uma visão das coisas que não tem que estar demasiado rígida.

O que já fez depois de tomar posse no domingo?
Estou a arrumar o quarto que vou habitar e o escritório onde vou trabalhar. Já recebi alguns sacerdotes e alguns leigos, mas tenho estado sobretudo a pôr as coisas em ordem.

O que é que essas visitam lhe trouxeram? Problemas?
Os problemas muitas vezes são aquilo que a gente quer que sejam. A diocese de Lamego tem vários problemas, mas, como todas as dioceses, tem a questão do envelhecimento de gente que vive hoje isolada. Estas situações que se vivem no interior pagam-se caro na vida real das pessoas, cria-se um grande desequilíbrio entre as gerações. Hoje, nomeadamente a juventude, para ter condições de vida minimamente aceitáveis, tem que se deslocar para o litoral.

O interior do país está ameaçado?
Dói-me a alma quando olho para o interior do país, nomeadamente para algumas regiões que conheço, onde há paróquias enterradas nas colinas com 50 pessoas idosas, duas ou três crianças que vão para a escola de madrugada de autocarro e regressam de noite, e um ou dois jovens que seguramente não vão lá ficar. A minha impressão é que tudo isso morre a pouco e pouco.

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