segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Artigo sobre Pe. José Justino Lopes

Com data de 30 de Agosto, o jornal Diário de Notícias publicou um artigo sobre o Rev. Sr. Pe. José Justino Lopes, actualmente Pároco de Vila Nova de Paiva e de Fráguas, e Arcipreste daquele concelho.
Em seguida, reproduz-se integralmente o artigo, da autoria de Amadeu Araújo:

«Conta que os tempos eram mais duros, mas as pessoas mais atentas e apegadas à Igreja. Hoje, aos 66 anos, dá missa em Vila Nova de Paiva.

"Eram tempos mais duros, mas sentíamos as pessoas mais alegres, atentas. Falávamos e via-se que o povo queria saber, queria ouvir. Tinham fome da palavra da Igreja."

Aos 66 anos, Justino Lopes, padre na paróquia de Vila Nova de Paiva, recorda-se bem do ano de 1968, quando acabou o Seminário, em Lamego, e foi nomeado pároco de Nespereira de Cinfães. O sacerdócio "começou em Nespereira de Cinfães, uma das maiores paróquias da diocese de Lamego". Só havia uma estrada principal, conta, acrescentando: "O resto era andar por aqueles povos da serra a pé ou de cavalo. Só mesmo um padre novo para aquelas paróquias."

O padre, que este mês celebrou 41 anos de sacerdócio, lembra que eram uns tempos em que a Igreja estava na revolução provocada pelo Concílio do Vaticano. "Quando me ordenei ainda celebrei missas em latim, mas pouco depois tornou-se vernácula." Foi nesse ano que "começaram a surgir grupos de renovação da liturgia. Os cânticos eram adaptados às novas letras, mais bíblicas e litúrgicas. Havia, inclusive, grupos de jovens entusiasmados com o Concílio e surgiu um conceito de liberdade porque a Igreja estava toda posta em questão. Eu estava na minha juventude e até diziam que no princípio o concílio abalou a igreja. Foi neste ambiente que eu comecei", recorda o sacerdote. Daqueles tempos fica a certeza de que "as pessoas eram mais aproximadas à Igreja". Embora houvesse revolução na Igreja, em Portugal havia a ditadura, sublinha. Uma condicionante que colocou "cuidados especiais". "Quando pregávamos éramos vigiados pela PIDE, mas conseguimos, levados pelo espírito do Concílio, incutir a liberdade de pensar no povo." Nas aldeias, recorda, "havia o padre e o professor, e as pessoas procuravam-nos para nos contarem os seus problemas". Outra recordação do padre Justino é a guerra de África. "Nesses anos, o Papa João XXIII considerou o dia 1 de Janeiro como Dia da Paz e nós tínhamos de alterar a mensagem do Papa porque nas homilias tínhamos a polícia à perna." Apesar de tudo, era um tempo em que as pessoas "gostavam da liturgia porque para eles o Concílio era celebrar missa em português. Para o povo isso era uma abertura, uma novidade".»

In DN

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